Soneto Corrosivo
Antes,
o que eu dizia
ser minha poesia,
era tudo ilusão.
Antes,
a minha mão
de reger fantasia,
descrevia o passo da canção.
Hoje,
meu soneto
é lento...
Escrevo
como o vento:
corroendo os acervos.
A.J. Cardiais
Soneto do Acaso – I
Não adianta eu roubar
o sonho do acaso,
para esquematizar
meu poema raso.
Não adianta o poeta
dizer: "tudo vale à pena,
se a alma não é pequena".
Muita gente não aceita.
Minha alma se enfeita
com fantasias possíveis.
As improváveis ela rejeita.
Ela não se deita
com sonhos impossíveis.
Procura os disponíveis.
A.J. Cardiais
Soneto do Acaso – II
Não faço na poesia
só um jogo de palavras.
Minha alma está enraizada
até nas estrofes vazias.
Eu respiro os momentos,
sufoco as agonias,
visto as fantasias
e bailo conforme os ventos.
A poesia é a vida,
com seu vai e vem;
sua subida e descida...
Com toda sua loucura.
E, quando ela está sumida,
é o poeta quem a procura.
A.J. Cardiais
Fora do Esquadro
Gosto de escolher minhas ilusões.
Felicidade não tem cor
e eu não vou jogar
minhas rimas fora.
As palavras, quando se juntam,
se ajustam.
Elas formam paredes
às vezes despovoadas
de luzes.
Faço uma análise de tudo,
e vejo que nem tudo é besteira;
tudo tem uma razão de existir.
Até este poema fora do esquadro.
A.J. Cardiais
Comments