Poemas do livro Sub-Versos Corrosivos

by A.J. Cardiais
4th January 2014

Soneto Corrosivo

Antes,

o que eu dizia

ser minha poesia,

era tudo ilusão.

Antes,

a minha mão

de reger fantasia,

descrevia o passo da canção.

Hoje,

meu soneto

é lento...

Escrevo

como o vento:

corroendo os acervos.

A.J. Cardiais

Soneto do Acaso – I

Não adianta eu roubar

o sonho do acaso,

para esquematizar

meu poema raso.

Não adianta o poeta

dizer: "tudo vale à pena,

se a alma não é pequena".

Muita gente não aceita.

Minha alma se enfeita

com fantasias possíveis.

As improváveis ela rejeita.

Ela não se deita

com sonhos impossíveis.

Procura os disponíveis.

A.J. Cardiais

Soneto do Acaso – II

Não faço na poesia

só um jogo de palavras.

Minha alma está enraizada

até nas estrofes vazias.

Eu respiro os momentos,

sufoco as agonias,

visto as fantasias

e bailo conforme os ventos.

A poesia é a vida,

com seu vai e vem;

sua subida e descida...

Com toda sua loucura.

E, quando ela está sumida,

é o poeta quem a procura.

A.J. Cardiais

Fora do Esquadro

Gosto de escolher minhas ilusões.

Felicidade não tem cor

e eu não vou jogar

minhas rimas fora.

As palavras, quando se juntam,

se ajustam.

Elas formam paredes

às vezes despovoadas

de luzes.

Faço uma análise de tudo,

e vejo que nem tudo é besteira;

tudo tem uma razão de existir.

Até este poema fora do esquadro.

A.J. Cardiais

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